Esperança

 

Neste início de semana, logo após o Dia de Finados, somos naturalmente levados a refletir sobre o tempo, a perda e a saudade. A memória daqueles que partiram e a lembrança dos momentos vividos com eles trazem, sim, dor, mas também um convite a enxergar o sentido da nossa própria existência e da jornada que ainda estamos percorrendo.

 

Guimarães Rosa, com sua sensibilidade profunda, nos diz que “o mais importante e bonito do mundo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas — mas que elas vão sempre mudando”. Essa frase carrega uma esperança poderosa, pois nos lembra que, assim como aqueles que vieram antes de nós, estamos todos em um processo contínuo de transformação e aprendizado.

 

Cada pessoa que amamos e que já se foi deixou marcas em nossa vida e, de certa forma, continua presente em nós, em nossas memórias e em quem nos tornamos. Finados nos lembra que, apesar da ausência física, o que aprendemos, compartilhamos e vivemos com essas pessoas permanece vivo, transformando-se constantemente em uma força que nos impulsiona.

 

A mudança é a essência da vida, e a cada nova experiência, a cada despedida, somos levados a redescobrir quem somos. Não somos os mesmos de ontem, e nem seremos os mesmos amanhã. Como escreveu Rosa, ainda não estamos “terminados”; somos, sim, uma obra em andamento, moldada pelo amor, pela dor, pela alegria e, sobretudo, pela memória dos que nos antecederam.

 

Que este início de semana seja, então, um momento de renovação da nossa esperança e da nossa fé na vida. Que, ao lembrar de quem partiu, possamos perceber que nossa própria caminhada é uma homenagem àqueles que já não estão aqui. Que as mudanças que passamos, sejam elas quais forem, nos fortaleçam e nos inspirem a seguir, honrando cada passo dado ao lado daqueles que amamos.

 

Nossa história não está completa. Ainda há muito a viver, a crescer e a transformar. Que essa consciência nos leve a seguir em frente, com coragem e serenidade, sabendo que, no fim, a vida é este constante ir e vir, onde nada se perde, mas tudo se transforma — inclusive nós mesmos.

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