Como advogado voltado à defesa dos direitos das pessoas com deficiência, tenho testemunhado o impacto transformador de quando essas pessoas decidem não mais se limitar ao papel de observadores, mas se colocam como protagonistas de suas próprias histórias. Em uma sociedade que, por vezes, se contenta em apenas assistir, a decisão de ocupar espaços e exigir direitos é um ato de resistência, de coragem, e, sobretudo, de dignidade.
Lima Barreto, ao afirmar que o Brasil tem um público que assiste, mas não luta, denuncia uma apatia que precisa ser combatida. As pessoas com deficiência, ao agirem, rompem essa inércia e desafiam não apenas os obstáculos visíveis, mas também uma estrutura social e jurídica que, por muito tempo, se mostrou excludente. Quando elas tomam seu lugar e fazem valer sua voz, trazem consigo uma mensagem de força que inspira e mobiliza outros a seguirem o mesmo caminho.
Essa luta é um processo de construção coletiva, que vai além do benefício individual. A cada vez que uma pessoa com deficiência exige acessibilidade, respeito e inclusão, ela está educando a sociedade e, mais que isso, pavimentando o caminho para que futuras gerações possam viver em uma realidade mais justa e igualitária.
Contudo, é importante lembrar que exigir direitos é apenas uma das faces dessa transformação. O exercício consciente de seus deveres é um complemento essencial, que fortalece ainda mais a presença e a participação das pessoas com deficiência na sociedade. A inclusão real ocorre quando todos os membros da sociedade, com ou sem deficiência, contribuem de forma ativa e responsável para o bem comum.
Por isso, reafirmo meu compromisso como advogado: apoiar todas as pessoas com deficiência na defesa de seus direitos e, ao mesmo tempo, incentivá-las a serem agentes ativos na construção de uma sociedade mais inclusiva, justa e respeitosa. Que ocupem, sem hesitação, os espaços que lhes pertencem, e que transformem, com sua presença e ação, a maneira como o mundo os enxerga.
